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Segurança no mar: especialista alerta sobre riscos em navegações

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Lancha zarpou do Rio no dia 25 de janeiro em direção à Fortaleza: Marinha segue buscas. Foto: redes sociais

No último mês de janeiro, oito pessoas acabaram não chegando ou retornando de seus destinos após entrarem mar adentro no Rio. No último dia 25, uma segunda-feira, cinco amigos vieram à cidade após um empresário adquirir uma lancha, modelo DM36, e partirem em direção à Fortaleza, no Ceará, na mesma noite. O último contato da tripulação com familiares aconteceu no último sábado (30).

Já no dia 13 de janeiro, três amigos entraram no mar da Barra da Tijuca, como faziam regularmente, para realizar a prática de pesca submarina. Desde então, já são 25 dias de agonia de familiares sem notícias deles. Todos tinham experiência com a modadalidade.

Engenheiro Civil e consultor náutico há mais de 30 anos, Marcio Dottori, joga luz para um problema que, na opinião dele, muita das vezes é negligenciado por muitos durante a navegação: a falta de manutenção adequada e o erro no planejamento das viagens. Segundo Dottori, sem os devidos cuidados aliado às más condições do tempo e mar, em geral, podem ser combinações fatais em casos de longas investidas.

"O mar sempre se movimenta. No caso dos cinco amigos, o barco poderia não estar muito bem preparado para uma viagem tão longa como essa, do Rio a Fortaleza. Ao que parece, eles tinham bastante combustível, mas a pressa foi, possivelmente, uma das causas para que tudo pudesse dar errado. Para casos como esse, são vários fatores, não apenas um. Os ventos, muitas das vezes, em caso de pane no motor, pode deixar a embarcação à deriva, e levá-los à costa, onde há bancos de areia que batem no casco. Além disso, durante a viagem, mexer no nos motores do barco com o mar agitado, nem sempre é possível", aponta Dottori.

O especialista ainda explica que a embarcação usada pelos cincos amigos tinha capacidade para até 11 passageiros, portanto, dentro do limite de lotação. No entanto, o modelo DM36, tem mais de 30 anos de fabricação e não são mais produzidos no país.

"É uma embarcação antiga, não há mais produção dela no Brasil. Estimo que tenha sido fabricadas entre 1980 e 1990. Já a dos pescadores, é uma lancha real light 190, é mais nova, onde talvez tenha sido laminada de 1995 a 2005", prevê.

Justiça

Desaparecidos desde o último dia 13 de janeiro, familiares dos amigos Marcelo Silva, Pablo Henrique e Everaldo Rodrigues recorreram à Justiça para que autoridades de buscas pudessem retomar a procura aos três.

Pescadores seguem desaparecidos e nada foi encontrado até agora por autoridades de buscas. Foto: redes sociais

A Marinha interrompeu a investida no último dia 30, alegando "não haver indícios de acidente" e que "aguarda novas informações para retomar as buscas". Até o momento, não há qualquer vestígio ou destroço que pudesse ser encontrado da embarcação 'Ressaca I'.

"A embarcação dos pescadores era compatível com a lotação. Os três poderiam estar ali tranquilamente. Em caso de pane no motor, o barco acaba ficando à deriva, e os ventos acabam levando e eles podem estar por aí", conta Marcio.

Lancha em que os pescadores estavam: modelo era novo, segundo especialista. Foto: redes sociais

Recursos

O especialista também explicou que para que possa evitar problemas como os enfrentados pelos tripulantes das embarcações no Rio, existem diversos modelo de GPS e localizadores ou ainda botes de emergências que facilitam a busca em casos de problemas durante a navegação.

"Hoje o mercado está cheio de recursos para ajudar em casos como esses. Temos o bote de emergência, que é um recurso que pode ajudar a ficar no mar em caso de pane no motor, além de GPSs e localizadores de diferentes modelos e preços disponíveis no mercado. Tudo isso facilita na hora de sair em busca de embarcações perdidas no mar", finaliza.

Até agora, segundo a Marinha, foram encontrados do barco "O Maestro", de onde os cinco amigos partiram, um freezer com comida em bom estado, o que aparenta estar recentes. Aeronaves do órgão também encontraram dois corpos no raio de buscas perto da costa leste de Cabo Frio. Eles devem ser identificados nas próximas horas pelos órgãos competentes.

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